Sentir-se rejeitado
Olhar-se mal amado
E pensar em si a culpa, o pecado
Mas não ler no peito a causa, o motivo
De não haver ninguém consigo
Alguém onde chorar, um ombro amigo
Tristeza, penas, abandono
Perde-se a alegria de viver
A alma adoece
E o rosto desvanece
Na vida amargo sono
De uma noite que não quer amanhecer
Quando a amizade é apenas utopia
E o amor unicamente uma ilusão
Sufocam emoções em negro dia
Como um arrocho enforcando o coração
É um olhar que nunca acontece
É um sorriso que tarda em chegar
É um verbo que sofre negação
É uma dor que te cobre como um manto
E transforma o teu rio em mar de pranto
E te assombra esse fantasma, a solidão
Mas se dela desprenderes o olhar
E granjeares uma réstia de luar
Nem tudo está perdido, podes crer
Segura firme a chama que alumia
Pois dentro de ti tens o poder
De transformar a noite em pleno dia
(22.09.2008)
Publicado na Antologia "Entre o Sono e o Sonho" (25.07.2009)
Foto de Jorge Soares
Foto e Poema publicados também em: Momentos e Olhares (12.08.2009)
Obrigada, Jorge!