30 junho 2012

Um Arco-íris e… um Fio-de-prumo




Já toda a gente viu um arco-íris. Se calhar, nem toda a gente viu um fio-de-prumo, ou sabe o que é. Eu já. Ambos. Já corri atrás de um arco-íris. Já tive um fio-de-prumo nas mãos. E tenho um fio-de-prumo na vida e um arco-íris no olhar.
Entre um arco-íris e um fio-de-prumo há uma diferença abismal. Ou nem tanto, nem tanto…
Um dia, um arco-íris encontrou um fio-de-prumo. Ou um fio-de-prumo encontrou um arco-íris. Encontraram-se um ao outro. Chega sempre algum dia em que os opostos se cruzam. Um arco-todo-redondo e um fio-todo-vertical. Um arco de luz de todas as cores e um fio descorado pela labuta serviçal. Cada um com as suas qualidades e as suas diferenças – bem diferentes, por sinal. Ou nem tanto, nem tanto…
Com um céu cinzento como pano de fundo, depois da chuva, o arco-íris aproximou-se de mansinho e brilhou. O fio-de-prumo espreitou: chovia ainda?... Ah, o que era aquilo?! Foi acostando o olhar…
— Olá, sou o Arco-íris… queres passear? As minhas cores podem elevar-te pelo ar.
Nunca tinha visto nada assim… o fio-de-prumo, sempre tão direito e sisudo, apoiou o queixo no parapeito da janela e começou a sonhar… podia, quem sabe, conhecer outros mundos, outros lugares… e, sem saber como, deixou-se levar. Correu o firmamento, subiu aos pontos cardeais… observou toda a esfera celeste, traçou-lhe círculos verticais; e pode constatar que há sempre mundos tão diferentes que se podem tocar.
E o arco-íris amou esse fio-todo-vertical em si suspenso, que lhe aprumava a postura acima da linha do horizonte.