No meu silêncio, o mar. E o marulhar das ondas. O areal, as
conchinhas; as gaivotas e, também, andorinhas; o sol e o vento. E os meus pés,
ao longo da orla da maré vaza, a enterrarem-se pela areia molhada, em passadas
ligeiras, breves. Semi-breves e colcheias canta-me a espuma das ondas ao vir,
aqui e ali, lamber-me as pernas. E eu, no meu silêncio, observo e medito. É
Verão outra vez. É o mar outra vez. É a vida... outra vez: como barco que se faz
ao mar e retorna à praia cansado da faina, mas nem sempre contente de pescado. Por
vezes o cansaço é longo, mas o barco não encontrou o cardume que lhe enchesse as
redes a gosto. Por vezes a vida geme de carregos, mas o que trazem não enche medidas
nem tamanhos.
E vingam-se as toalhas garridas; e os guarda-sol coloridos;
e os calções estampados, mais os biquínis reduzidos, com os seus donos e donas pelo
areal ao comprido.Adenda em 15/07/2019:
tradução de Ana Freire na publicacão It's Summer... again!...:
"In my silence, the sea. And the murmuring of the waves. The sand, the small shells; the seagulls and also the swallows; the sun and the wind. And my feet, along the edge of the tide, bury themselves in the wet sand, in short steps. Semibreves and quavers, sings the foam of the waves, coming along here and there, licking my legs. And I, in my silence, watch and meditate. It's summer again. It's the sea again. It is life... again: like a boat that goes to the sea, and returns to the beach tired of the task, but not always happy with the amount of fish catched. Sometimes the fatigue is long, but the boat did not find the shoal that filled the nets as it would need. Sometimes life groans with its loads, but what they bring does not fill measures or sizes.
And they all revenge, the vivid color towels; and colorful parasols; the flower patterns shorts, plus the reduced bikinis, with their owners along streched out in the sand.
And the sea, always the sea as a backdrop. And I, in my silence, in my world."