Um chão que nos foge dos pés
Uma paisagem que nos treme nos olhos
Um mundo que não nos cabe nas mãos
Uma dor que nos chega
Uma palavra que nos parte
Um sorriso que nos morre
Uma voz abafada na garganta
Um olhar desfocado de cor
Um sentimento preso na pele
Uma ausência forçada
Uma estrofe falida
Uma ferida imunda
Uma boca faminta
Uma janela fechada
Uma tela deserta
Um abandono que mata
Uma flor de vida pisada
Um desrespeito que é faca
Um vento de nortada
Uma bomba perdida
Um grito de rajada
Um rol infinito
Um mundo enlouquecido
Um desamor a céu aberto
Escapar é imperativo
Desviar-se, fugir ao perigo que nos espreita o canto
É hora de calcorrear a vida mostrando que ela também é amar
(Publicado originalmente a 09/08/2011 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), para Fábrica de Letras e Palavras, poema 33)