10 fevereiro 2024

Mau(s) tempo(s), má fortuna, erros (nossos)…



Tantos puxões, abanões, para um lado e outro, trás! e frente, e verso, e vice-versa – perversos! –, rola e pula, baralha e volta a dar; uns a surtirem efeito, outros a nem por isso dar... 
É chuva, é vento, mau tempo, má fortuna, tormento. Erros nossos, ou maldade alheia. Tempestades no corpo e na alma, a todo o tempo, o tempo todo.  
Vidas assim, toda a vida, a vida toda – vivida, chovida, revirada, emaranhada, marada, transviada, desafortunada. 
Vidas desviradas, partidas, sofridas, desairadas: tal chapéu! acossado e degredado. 
Vidas enredadas como silvados ou trepadeiras embrulhados, que se fundem enrodilhados; e a cada puxão há troços que se partem e espinhos que se espetam e ferem a carne e a alma.
Estranhas formas que se nos desenham nos olhos e nas mãos... e na imaginação; que nos fazem, umas vezes, abanar, tropeçar, cair; e outras nos ferem até a levantar do chão. 
E restam, tantas vezes, a par com a (des)ilusão, riscos de sangue, alma rasgada; que o menor toque a frio, de qual pedra afiada ou de gelo, gera sobressalto e defesa, fuga, mais puxões e sangue; até que, de um jeito ou de outro, se aventure quem(?) a quebrar o círculo vicioso. 
Maus ventos no canal! Encostos ao silveiral.
Quem ousará semear o sol que nos poupe ao(s) mau(s) tempo(s)? 
Quem nos removerá os erros dos caminhos, para lá das passadas que ainda não foram dadas?...


16 comentários:

  1. Querida amiga Fá, boa tarde de paz!
    Um texto em analogias com a vida que mito gostei de ler.
    Muita verdade aqui contida. Tem grande capacidade de comparações efetivas.
    Parabéns, amiga!
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos

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  2. Os erros são mesmo nossos, já que os caminhos escolhemos. Não há como fugir dos espinhos. Grande abraço.

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  3. Uno hace su camino con las decisiones que toma y como asimila sus errores. Te mando un beso.

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  4. São duvidas que dificilmente são sanadas.... Tenha uma ótima seemana.

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  5. Fantástico texto, Fá.
    Adorei ler e apreciar, andando
    por esses caminhos que tão bem
    identifica.
    Beijo
    Olinda

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  6. "Caminante, no hay camino
    se hace camino al andar
    y al volver la vista atrás
    se ve la senda que nunca
    habrás de volver a pisar"

    Creo que estas palabras responden mejor que las mías a tu pregunta de hoy. Me ha gustado mucho el texto entero que has compartido. Un abrazo.

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  7. Querida Fá

    vivemos tempos conturbados,
    o teu texto é apenas um reflexo,
    que gostei de ler.

    achei a foto muito bem para o trabalho.

    boa semana.
    beijinhos
    :)

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  8. Uma otima reflexão sobre os tempos de desordem que vivemos
    Gostei

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  9. Minha querida... Um texto muito reflexivo dos tempos que vivemos. Como sempre um prazer passar aqui. Tinha saudades. Um beijinho

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  10. Escolhemos nossos caminhos e acredito que os erros sempre aparecem pra nos enredar... Mas cada erro também nos ensina, nos faz mais experientes na vida. Uma mão amiga é sempre importante...

    Interessante teu texto.
    😘

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  11. A vida é um labirinto onde acontece o melhor e o pior.
    Um texto de antologia, gostei de ler. Os meus sinceros aplausos.
    Continuação de boa semana, amiga Fá.
    Beijo.

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  12. Nós escolhemos, nós erramos. Que nos salvará de nós mesmos? Bom final de semana, bjsss

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  13. Todos os caminhos que escolhemos têm as suas dificuldades.
    Cabe-nos a nós arranjar força para as vencer!
    Um texto que muito compagina com a realidade. Gostei muito Fá!

    Beijinhos e uma semana feliz!

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  14. Continuando a parafrasear Camões, um texto muito interessante para sublinhar o desconcerto (sem conserto) deste mundo...
    Aplausos, querida amiga.
    Bom fim de semana. Abraço
    ~~~~~~~~~~~~

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  15. Um texto tão, mas tão actual, Fá! Uma analogia perfeita, com o percurso da humanidade, neste nosso mundo... cada vez mais desconcertante e desconcertado!
    Sopram mesmo maus ventos... e maus tempos no canal...
    Adorei cada palavra!
    Beijinhos! Feliz semana... com a cabeça e as mãos ocupadas... que é sempre a melhor terapia, para tempos desajustados...
    Tudo de bom!
    Ana

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«a vida, a meu ver, é polarizada entre a prosa – ou seja, as coisas que fazemos por obrigação, que não nos interessam, para sobreviver – e a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar, comunicar. E é isso que é importante.»
(Edgar Morin)
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