08 junho 2018

Poeira



Há poeira no ar. No chão da rua. Nas escadas de cimento velho que levam ao primeiro andar...  
Infiltra-se nas casas através das frinchas, e vai até ao mais recôndito da alma – um outro patamar.
Quando chove pode enfim remover-se a poeira que se tinha acumulado e tornado eira, esteira, ladeira íngreme e pestilenta, escorregadia. A chuva refresca, lava e depura a macilenta agrura em que se tornou o dia-a-dia de poeira-eira-esteira-ladeira. 
Mas há poeira a formar-se continuamente no mesmo lugar. 
E quando chove dias a fio, num tempo em que se esperava estio, a poeira-eira-esteira-ladeira engole-se à mesa da cozinha defumada, como se broa bolorenta fora manjar. 

Por vezes é preciso deixar a poeira assentar. E depois a chuva cair. E regar. Lavar. Escorrer. Até parar. 

Mas como tantas vezes isso tarda em acontecer!

01 janeiro 2018

Boa travessia!




Ainda que pedras nos apareçam atravessadas no caminho, 
aproveitemo-las para nelas firmarmos os pés, 
fazendo delas o alicerce de um caminho mais forte, 
rumo à Luz do horizonte.

Adenda em 29/01/2024:
Tradução de Ana Freire, in: Art and Kits, Awakenings...

"Even if stones appear to cross our path, 
let us take advantage of them to place our feet on, 
making them the foundation of a stronger path, 
towards the Light of the horizon."


poderá também gostar de:

Tons Maiores: