Toda a vida é feita de riscos,
rabiscos e outros iscos
e por vezes versos;
outras vezes silêncios apenas,
gritos mudos que entopem a voz
para lá dos poemas que assombram em voo.
E há palavras nascidas entre poeira e pedras,
sem a humidade requerida,
que depressa se transformam em pó que o vento leva.
Porque o mundo ao derredor é um vaso de barro fendido,
que não retém a água para a rega.
A lua vai e vem, enche e esvai-se;
com momentos luminosos
e momentos de penumbra;
mas volta sempre o seu brilho
embora às vezes por entre nuvens.
E há dias inteiramente noites que são tudo escuridão;
maré vaza, preocupação,
união ao mundo
que depõe o coração nas mãos
dormentes, doentes, cansadas, estropiadas,
dantes ensinadas,
que a custo reagem aos sonhos.
O tempo passa
e desgasta
como água de um rio correndo
corroendo tudo à sua passagem.
Rio que corre para o grande oceano,
com alturas de grandes caudais
e outras de seca extrema;
desfrutando da passagem por montes e vales,
pedras, pedregulhos, calhaus rolantes
e paisagens de planícies, praias
e campos verdejantes.
All life is made up of risks,
doodles and other baits
and sometimes verses;
other times only silences,
silent screams that clog the voice
beyond the poems that haunt in flight.
And there are words born between dust and stones,
without the required humidity,
that quickly turn into dust that the wind takes.
Because the world around is a cracked clay pot,
that does not retain water for irrigation.
The moon comes and goes, fulls and fades away;
with luminous moments
and moments of darkness;
but its brightness always comes back
though sometimes through clouds.
And there are days entirely nights that are all darkness;
ebb tide, worry,
union with the world
that deposits the heart in the hands
numb, sick, tired, crippled,
taught before,
that at cost, react to dreams.
Time goes by
and wears all out
like running river water
corroding everything in its path.
River that flows into the great ocean,
with high flow heights
and others of extreme drought;
enjoying the landscape through hills and valleys,
stones, boulders, rolling pebbles
and landscapes of plains, beaches
and green fields.
So, between the flight and the dark night
there must be times to land and forget the strain.
To enjoy a fresh dew,
visit of the dream that still emerges from the hands.
And always start again.
rabiscos e outros iscos
e por vezes versos;
outras vezes silêncios apenas,
gritos mudos que entopem a voz
para lá dos poemas que assombram em voo.
E há palavras nascidas entre poeira e pedras,
sem a humidade requerida,
que depressa se transformam em pó que o vento leva.
Porque o mundo ao derredor é um vaso de barro fendido,
que não retém a água para a rega.
A lua vai e vem, enche e esvai-se;
com momentos luminosos
e momentos de penumbra;
mas volta sempre o seu brilho
embora às vezes por entre nuvens.
E há dias inteiramente noites que são tudo escuridão;
maré vaza, preocupação,
união ao mundo
que depõe o coração nas mãos
dormentes, doentes, cansadas, estropiadas,
dantes ensinadas,
que a custo reagem aos sonhos.
O tempo passa
e desgasta
como água de um rio correndo
corroendo tudo à sua passagem.
Rio que corre para o grande oceano,
com alturas de grandes caudais
e outras de seca extrema;
desfrutando da passagem por montes e vales,
pedras, pedregulhos, calhaus rolantes
e paisagens de planícies, praias
e campos verdejantes.
Assim, entre o voo e a noite escura
tem de haver momentos de pousar.
Aproveitar um fresco orvalho,
visita do sonho que ainda emerge das mãos.
E sempre recomeçar.
Adenda:
All life is made up of risks,
doodles and other baits
and sometimes verses;
other times only silences,
silent screams that clog the voice
beyond the poems that haunt in flight.
And there are words born between dust and stones,
without the required humidity,
that quickly turn into dust that the wind takes.
Because the world around is a cracked clay pot,
that does not retain water for irrigation.
The moon comes and goes, fulls and fades away;
with luminous moments
and moments of darkness;
but its brightness always comes back
though sometimes through clouds.
And there are days entirely nights that are all darkness;
ebb tide, worry,
union with the world
that deposits the heart in the hands
numb, sick, tired, crippled,
taught before,
that at cost, react to dreams.
Time goes by
and wears all out
like running river water
corroding everything in its path.
River that flows into the great ocean,
with high flow heights
and others of extreme drought;
enjoying the landscape through hills and valleys,
stones, boulders, rolling pebbles
and landscapes of plains, beaches
and green fields.
So, between the flight and the dark night
there must be times to land and forget the strain.
To enjoy a fresh dew,
visit of the dream that still emerges from the hands.
And always start again.