09 setembro 2010

Estou farta de ser palhaço



Estou farta de ser palhaço
De me fecharem no circo
De me apertarem o cerco
E me taparem o sol

Estou farta de ser palhaço
De me sentir constrangida
De me saber ignorada
De me ter por mal-amada

Estou farta de ser palhaço
Estou farta de me ferir
Farta de fazer rir
E de por dentro chorar

Estou farta de ser palhaço
De riscar o céu de luar
E as nuvens de cor-de-rosa
E na volta nada trazer

Estou farta de ser palhaço
De tudo dar sem receber
Da paga sem merecer
Na noite que me fornecem

Estou farta de ser palhaço
Farta de me inventar
Farta de ser e me dar
Quando logo a seguir me esquecem

Estou farta de ser palhaço
Farta de ser mal olhada
Farta estou de ser pisada
Como boneco barato

Estou farta de ser palhaço
Palhaço de palha e cartão
A quem sacam o coração
Para assar e fritar no lume

Estou farta de ser palhaço
De afugentar os pardais
Com as roupas desbotadas
Em cima de um monte de estrume

Estou farta de ser palhaço
Das cores com que me pintam
Das dores que me provocam
Estou farta de ser palhaço

(13.08.2010)

Também publicado em Porosidade Etérea

17 comentários:

  1. A propria vida muitas vezes é um autentico circo...palhaços todos somos...então vamos ser uns palhaços felizes...
    Beijo d'anjo

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  2. O poema é lindissimo e muito simpáticoe verdadeiro, real.
    Gosto.
    Beijinhos da Utilia

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  3. Quando as cortinas descem
    gradativamente
    luzes diminuem a cor do espetáculo
    a pouco brilhante...
    na coxia ainda ouço risadas
    recolho a lona
    na poeira da noite
    rumo na direção do sol...
    outro lugar
    outras vidas
    novas historias
    ansiosos espera
    pra mais uma x
    enlevar-se
    as suas e a minha propria vida
    com
    Le Cirque Espoir

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  4. Fá,
    Que preciosidade!
    Um poema que é como um grito saído da alma e onde se vislumbram as vivências do dia a dia de cada um de nós.
    Quem nunca se sentiu na pele desses tão simpáticos actores circenses que ao mesmo tempo que fazem rir sentem a alma a sangrar?
    Muito belo.
    Beijinhos.
    Ailime

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  5. ... ele há gente que não consegue distinguir a diferença entre um ser humano e um palhaço. Percebessem a estrutura do circo da vida e não atazanavam as pessoas sem mais nem menos. Disse.

    Beijos de compreensão.

    "Aquilo" no "Fantasias" foi um engano na linha. Da data do post...

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  6. Estamos fartos, estamos fartos!

    Uma semana excelente, amiga!!!

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  7. Estamos. Mas... não o somos, todos? :) Belo poema, boa semana!

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  8. Como é que eu não conhecia este teu blogue?
    Tenho mesmo distraído...
    Este poema é magnífico.
    Tal como outros 3 que li.
    Vou colocar este link para não me esquecer de vir aqui também.
    Querida amiga, um beijo.

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  9. fá querida, que espaço belo....adorei...
    lindo seu poema da vida real...
    somos todos uma palhaçada....
    ja estou a te seguir...
    bjos.

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  10. *
    adorei,
    ,
    e eu amiga, e eu !
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

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  11. Nunca te arrependas

    Bjs tantos

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  12. O poema é muito lindo, sinto-me na tua pele...
    Bjs

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  13. .

    . e se eu não fosse nada disto, nada disto seria assim dito e re.dito .

    .

    . o que também, seria uma perda ir.reparável .

    .

    . :))) .

    .

    . bel.íssimo .

    .

    . um beijo meu .

    .

    . paulo .

    .

    ResponderEliminar
  14. Lindo Fa

    Palhaços bonecos marionetas... é o que realmente somos!
    Assim como tu, não gosto de ser pintado muito menos com cores opacas sem brilho sem transparência.
    A beleza das cores é a sua profundidade a sua transparência é o vêr um pouco mais além.

    Bjs

    José

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  15. Queria ter só uma simples frase...
    hoje minha amiga, deixo só a lágrima...
    e fica dentro dela a minha rima...

    e um estou contigo...se isso anima!

    beijinhos de carinho

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  16. pois.......... ( ou )

    um comentário em silêncio





    .
    um beijo

    ResponderEliminar

«A vida é escrita em curtas frases e não em grandes livros, por isso escreva uma frase de cada dia porque escrever um "livro" completo de uma vez só é perda de tempo!» (Gherheai)
Pois:
«Já que se há-de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.» (Clarice Lispector)
.
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