Caríssimos, Preciso de lhes dizer o que me vai na alma.
Por um tempo foram-me acontecendo alguns exercícios idiotas (entre outros que me percorreram). E como idiota os resolvi. A minha realidade não estava lá – nem de perto, nem de longe. Mas aproximei-me; foquei-os pelo canto do olho; inspirei fundo para lhes sentir o odor; apurei o ouvido ao som do vento que me os trazia, e que umas vezes me era brisa e outras, ventania; rocei-lhes ao de leve os lábios, a tentar que me fossem sede; tacteei-lhes as vértebras dorsais, que pai-nossos não foram, mas orações se fizeram. Deles me ficou um mundo novo.
Quero ver tudo isso como ginástica: um levantar de pesos, ou carregá-los.
Por vezes, descansar à sombra é mais sedutor. Não dói. Carregar pesos custa. Custa o esforço, a dor, o suor… O exercício pode ser violento e causar rupturas, estriamentos, se não houver algum aquecimento prévio. Porém: os saltos em altura e em comprimento permitiram-me alongar horizontes e estreitar mares por onde me será possível sempre navegar.
Bem-hajam por fazerem parte da tripulação do meu barco.
(M. Fa. R. - 23.07.2010)