
Ah, como eu gosto deles!
Não. Não e não!
Não sei nada.
Já não enxergo nada de nada.
Tudo o que antes me fascinava morreu.
Só uma alcateia de chacais me traz cativa.
Como tudo neles é belo!
Até se me afigura ficção!
Os seus olhos reflectem a luz do sol em raios de serenidade.
E harmonia.
E das suas vozes soltam-se arco-íris em bolas de sabão!
Ah, e então, até se quedam mudas as avezinhas ao ouvi-los uivar,
E se inclinam reverentes os verdes trigais ao vê-los atravessar!
Mas lembra-me desistir…
Uma dor sobrevoa-me as notas musicais
E não me deixa cantar tudo o que me morre na garganta.
É como uma sombra que me desfaz os acordes
E os tolhe de se expressarem em flor,
Em amor, em luz, em ilusão, em alimento.
Sim, é uma dor que se mistura com um grito e o seca.
Dor, angústia, revolta…
Então, não é que anda aí uma desmesurada corrosão
Em relvados que se enchem de buracos
E se vestem de degradação?!
É que é quase obsceno algum ódio de estimação!
Sugere-me uma sorte de castração…
Como se alguém que cala mais alto!
E ninguém entende a minha quietação,
O mutismo que estou a sentir!
É muito, mas hei-de singrar e mandá-los ganir!
(M.Fa.R. - 26.05.2010)