03 setembro 2009

Grito

 
[Edward Munch, O Grito]

Grito
Mas só me responde o eco.
Depois faço silêncio
Na escuridão.
Os sons abafados dos pensamentos
Surgem então como lamentos
Neste beco sem saída
Onde não sei ser chegada
Nem ponto de partida
Mas antes encruzilhada
De encontros
Desencontros
Desencantos
Ausências
Prantos…
Mas, ainda assim,
Vida.
É bebida de absinto
Que faz de mim labirinto
Charneca de desenganos
Claustros murados
Profanos
Um mundo de turbilhões
Ruelas de dor
Desalento
Velas rasgadas ao vento
Que sopra desilusões.
E grito
Mas só me responde o eco.

(08.08.2009)
Poema também editado em: Porosidade Etérea em 09.09.2009

19 comentários:

  1. Muito lindo este poema, Deves ser psicóloga, pois demontras aqui grande empatia e capacidade de interiorização...
    Realmente o grito de Munch é um desespero, a intensidade e a direcção das pinceladas a cor demonstram bem o estado psiquico do autor...

    Fica bem

    José

    ResponderEliminar
  2. gostei imenso, fá!
    que fazer quando não nos ouvem?
    ouvi os teus gritos
    e vim dar um abraço
    luísa

    ResponderEliminar
  3. Querida Amiga Fa menor,

    Desespero tornado poema e muito bem. Parabéns.

    Porquê o desalento e a solidão
    Quando nunca estamos sozinhos?
    Porquê tanta dor no coração
    Se recusamos todos os miminhos?

    Porque não nos conhecemos melhor?
    Porque tanto desespero e agonia?
    E se ouvissemos o nosso Eu interior
    Que é a maior fonte da Alegria?

    Ouve-te a ti mesmo ò Ser Humano
    Dentro de ti está a divindade
    Rompe com tudo o que é profano
    Procura em ti a eterna verdade

    Um abraço

    José António

    ResponderEliminar
  4. Quando gritamos para o espaço não há eco, nem resposta. Se gritarmos para o Céu, ouvimos a resposta dentro de nós. Quando gritamos para dentro de nós criamos cicatrizes que nunca foram feridas.

    Munch gritou para dentro da tela e ela devolveu-lhe o grito. Então gritou para todo o lado.

    ResponderEliminar
  5. ...e, por vezes, nem o eco!

    Tantas vezes, só as lágrimas...

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  6. Estamos isolados na nossa solidão...

    ResponderEliminar
  7. Pois...

    Mas às vezes nem o eco rsponde...

    Cumprimentos meus

    ResponderEliminar
  8. Bom dia Fá ...

    Esta tela lembra-me um texto de Fernando Pessoa

    "Não posso evitar o ódio que têm meus pensamentos de ir até o fim: a respeito de uma simples coisa, surgem dez mil pensamentos e milhares de interassociações com esses dez mil pensamentos, e careço de vontade de eliminá-los ou detê-los, nem tampouco de reuni-los num pensamento central, onde os seus pormenores sem importância, mas associados, podem se perder. Introduzem-se em mim: não são pensamentos meus, mas pensamentos que passam através de mim. Não pondero, sonho; não me sinto inspirado, deliro".

    Dois grandes artistas, Munch e Pessoa, eternos questionadores do universo do inconsciente.
    Bjs a vc e uma ótima semana como a lua cheia, brilhante.

    ResponderEliminar
  9. Anónimo16:44

    Magnífico este poema. Quantas vezes temos o eco como resposta aos nossos gritos. O eco, nada mais. E se algumas vezes é um som que se torna agradável aos nossos ouvidos, outras vezes faz-nos doer a alma. É a diferença entre estar só a a solidão. Um beijo grande.

    ResponderEliminar
  10. "Os sons abafados dos pensamentos":
    os gritos da solidão...
    Gostei do poema.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  11. e as vezes bem apeteçe gritar ,

    gritar , gritar , e gritar e ter só o eco como resposta .

    lindo poema amiga.
    beijinhos

    ResponderEliminar
  12. Boa noite
    obrigado pela visita

    Não tenho certeza
    se fiz tudo que devia
    Mas tenho certeza que fiz
    o mais importante
    que lembrei-me de você!

    Bom fim de semana
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  13. eu sou o eco do teu grito e grito: BELO!

    (www.minha-gaveta.blogspot.com)

    ResponderEliminar
  14. Fá,
    O grito muitas vezes liberta a alma. Por isso não há nada como gritar, porque a vida é um grito.
    Bjs.

    ResponderEliminar
  15. Que beleza, Fá! Ainda que não venham respostas, há uma libertação no grito. Bjs.

    ResponderEliminar
  16. Bom dia sereno, querida amiga Fá!
    Que os ecos nos deem bons retornos do vivido que nos foi benéfico somente!
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  17. Profundo poema hay veces que solo que da seguir. Te mando un beso.

    ResponderEliminar
  18. Muito lindo, forte, tenso...
    mas existe, é o outro lado da vida,
    onde falta a paz.

    Belo, Fá, muito belo.
    Uma ótima semana,
    um bjo

    ResponderEliminar
  19. Quando há um eco, já é algo bom...
    A maioria das veze, ao grito segue-se um silêncio atroz...

    Ótimo e belo!
    Um bom verão, Amiga. Beijinhos
    ~~~~~~~~~

    ResponderEliminar

«a vida, a meu ver, é polarizada entre a prosa – ou seja, as coisas que fazemos por obrigação, que não nos interessam, para sobreviver – e a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar, comunicar. E é isso que é importante.»
(Edgar Morin)
.
Leia pf: Indicações sobre os Comentários

poderá também gostar de:

Tons Maiores: