07 janeiro 2010

Pessoa [s]em Máscara


Pintura de Norberto Nunes

Poeta plural, desdobrado em diferentes identidades ou máscaras e, por conseguinte, em diferentes escritas com diferentes características, Fernando Pessoa é um escritor modernista português, nascido em Lisboa a 13 de Junho de 1988, de enorme valor da nossa literatura e da literatura mundial. As palavras são-lhe a vida.
E: Gostaria de começar por lhe perguntar porque é que se desdobra em diferentes personalidades ou heterónimos.
F P: Tenho um problema que é o de não me conseguir encontrar. Por isso, sou um ser fragmentado, com várias sensibilidades e realidades que coexistem em mim e comigo.
E: Podemos entender que, conforme as suas emoções do momento, assim adopta uma identidade diferente - ortónimo ou heterónimos?
F P: Antes de mais, sou um fingidor, um racional, distanciado de emoções…
E: É assim que decifra esse seu enigma de ser?
F P: Eu não sou! Eu sou um sonho de ser. Mesmo olhando-me a um espelho de águas paradas não me vejo a mim. Só vejo cansaço, inquietação, frenesim. Fragmentos.
E: Essa é a sua verdade!...
F P: A verdade é impossível de alcançar. Procuro-a incessantemente e sei que nunca a irei encontrar. Estilhaço-me, mas em vão… nem assim consigo pensar tudo, fazer tudo ou descobrir tudo o que quero. O mundo está inundado de coisas inatingíveis que não sei se são vontades ou pensamentos.
E: Então o que há a fazer?
F P: Agarrar a vida, o amor… não passar pela vida sem a viver condignamente. A vida de facilidades não é verdadeira vida. Os problemas da vida ajudam-nos a crescer.
E: Quer deixar-nos algumas palavras ou mensagem para 2010?
F P: Não lutes contra o que não pode ser de maneira diferente. Rodeia-te de coisas boas. “Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.”

(M. Fa. R. - 28.12.2009)

17 comentários:

  1. Gostei da entrevista a Fernando Pessoa: fragmentado, fingidor, racional.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  2. Gosto da mensagem para 2010! vou pensar nisso.
    BJs

    ResponderEliminar
  3. *
    Pessoa
    o fingidor da verdade,
    ,
    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.
    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.
    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.
    ,
    in-Pessoa,
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

    ResponderEliminar
  4. Uma entrevista bem Pessoana, que poderia ter sido real!
    Parabéns.

    ResponderEliminar
  5. Ola! Obrigado pela visita.


    Bem, o que vi foi estupendo. Pessoa é, e será sempre, uma grande voz a ser seguida e lembrada. Suas reminiscências são como trovões em dias de chuva: vemos o lampejo rápido, mas a lembrança permanece.

    A entrevista criada ficou ótima! E a última pergunta foi conclusiva em todos os aspectos: "Não lutes contra o que não pode ser de maneira diferente". Devemos adotar a resignação perante as coisas que são o que são sem lhes alterar nada. Uma poética de vida excelente.

    Gostei do teu blog. Esterei sempre por lá.


    Beijos.

    ResponderEliminar
  6. Lindo! Bebamos ao NOVO e Renovado Ano que aqui está! Que o saibamos aproveitar com um presente que se descobre em cada dia das nossas vidas!

    ResponderEliminar
  7. Gosto muito de Fernando Pessoa mas mais ainda do seu heterónimo Alberto Caeiro.

    Esta entrevista está fantástica e muito bem pensada!

    Conseguiste entrar no poeta e no homem quase indo ao encontro da sua obra "O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente,Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente..."

    Penso que foi exactamente por isso que ele criou tantos heterónimos: Para se salvaguardar dele mesmo e do que sentia.

    Ás vezes penso que somos muitas vezes com pouco como ele. Bjs

    ResponderEliminar
  8. Bem apropriada, a entrevista!

    Bom Ano, para si.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  9. Pessoa é indubitavelmente certo.

    ResponderEliminar
  10. Realmente torna-se difícil seguir-te nos teus diferentes registos, mas é sempre um prazer encontrar-te!

    ResponderEliminar
  11. Soberba esta entrevista!
    Desejo um fantástico 2010.
    Beijinho

    ResponderEliminar
  12. Todos nós

    somos Pessoa

    ResponderEliminar

  13. minha amiga, gostei de passar por aqui beijinos
    Se quizeres passar no meu humilde cantinho e ajudares agradeço
    Beijinhos
    Gosto do Fernando pessoa é o meu poeta preferido.

    ResponderEliminar
  14. Fá,
    Temos aqui claramente respostas e palavras de alguém que tem uma inteligência acima da média.
    Bjs

    ResponderEliminar
  15. Sorrisos...
    Fora do contexto, tudo é diferente...
    Era muito inteligente e com notável intuição o que lhe permitiu traçar e defender o perfil psicológico das personagens que inventou...
    Quem leu as cartas a Ofélia, não o chamaria de racional...
    Sendo fingidor, não podemos acreditar no que disse, mas no que fez.
    No entanto, um belo trabalho. Beijinhos
    ~~~~~~

    ResponderEliminar
  16. Interesante saber, los grandes poetas y escritores siempre serán un madeja de ideas por descubrir, bueno a través de la obra se conocerán, linda semana 🌺💐🌸💐🌺🌿

    ResponderEliminar

«A vida é escrita em curtas frases e não em grandes livros, por isso escreva uma frase de cada dia porque escrever um "livro" completo de uma vez só é perda de tempo!» (Gherheai)
Pois:
«Já que se há-de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.» (Clarice Lispector)
.
Leia pf: Indicações sobre os Comentários

poderá também gostar de:

Tons Maiores: