14 outubro 2010

Onde está o Pão?

 

Sem pão e sem amor
Sem sequer uma côdea com bolor
Que lhe caia na mão
Aos tropeções por essa vida
Sem esgar na noite entorpecida
À espera de aquecer o coração
Anda perdida qual mendigo
Muita gente em nosso mundo
Matando o ar em campo nu de trigo
Que já foi seu e que ardeu

Quem lhe roubou o seu pedaço de pão
Quem lhe sacou o coração e o pisou
Fingindo bem-fazer
Dizia que era dia e fez a noite
E continua airosamente a sussurrar
Que o pão dos outros é ateu
Que só quem o tem o mereceu
E que o dia de mais pão há-de chegar

Mas eu grito enquanto a voz não me doer
Enquanto a noite escura estiver
Enquanto eu vir ainda um pouco mais além:
Anda muito ladrão por aí com cara de gente-bem!
(29.08.2010)

Também publicado em Porosidade Etérea

 

16 comentários:

  1. Nunca é de mais salientar determinados factos.
    Nunca é de mais clamar por mais justiça e pão.
    Nunca é de mais clamar pela dignidade.

    Beijo :)

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  2. E é bom falar, gritar talvez, a ver se essa distância diminui,pois só a temos visto a aumentar...
    Bj
    Maria Mamede

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  3. Talvez um dia se levantem do chão

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  4. O teu canto e o nosso grito por mais paz, amor e pão.
    O mundo continua a queimar as searas de pão e os corações aflitos morrendo abandonados sem nada.
    Criou-se uma sociedade vazia em que os políticos prometem mas não cumprem e apenas se protegem a eles e aos amigos.
    Caminhamos ainda para a parte pior.
    Destruíram a família e ensinam o desprezo pelos princípios básicos que nos têm orientado.

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  5. Quem ama sempre grita pela igualdade.
    Utilia

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  6. Belíssimo!
    Um BLOG agradável como a música!
    Harmonia, sinfonia, suavidade que faz desejar dançar.
    Parabéns
    Salete

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  7. Belo poema, assim como belos são seus gestos. Também gosto de escrever poemas sociais, uma forma que encontro de clamar, chamar atenção para o que precisa ser olhado com mais atenção, respeito e carinho.

    bjos. Jesus te abençõe! =*

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  8. Ola Fá

    Começo por te desejar uma boa semana e também dar-te os parabéns por este excelente poema! Deves, devemos todos gritar e continuar a vêr um pouco mais além.

    Olha eu já li tantas vezes este poema que já o sei de cor! :-)

    Bjs

    José

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  9. E há tantas formas de roubar o pão dos outros...
    Desde assaltar a casa do vizinho ou um banco, até não pagar os impostos ou trabalhar e receber o subsídio de desemprego ou de baixa por doeça...
    Em qualquer caso, com ou sem roubos, o teu poema é excelente.
    Querida amiga, boa semana.
    Um beijo.

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  10. Não basta ter razão

    nem só o coração

    é preciso acção

    contra a indiferença

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  11. o poema é actual e está muito bom.

    bonita partilha.

    beij

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  12. nunca é demais desmascarar as injustiças ,porque

    "água mole em pedra dura ,tanto bate até que fura"



    .
    um beijo

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  13. E este grito pelo pão
    corre pelo mundo inteiro
    com tanta dor no coração...
    alguém o oiça, pois então!...

    Bjinho

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  14. Roubando o pão dos outros.A cobiça não conhece muito piedoso .
    Uma boa saúde.

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  15. Sempre actual, infelizmente.Boa semana, Beijo

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  16. A justiça corre nos nas veias.
    Como o sangue
    Gostei

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«a vida, a meu ver, é polarizada entre a prosa – ou seja, as coisas que fazemos por obrigação, que não nos interessam, para sobreviver – e a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar, comunicar. E é isso que é importante.»
(Edgar Morin)
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