Há uma linha invisível, uma ténue fronteira entre o ontem e o hoje… (e o amanhã?); entre o conhecimento e a ignorância; entre a saúde e a doença... entre a vida e a morte.
Espero. Há um nó que me aperta o estômago.
Conto os minutos para ser atendida, mas eles arrastam-se cada vez mais lentos. Inversamente proporcional é o galope do meu coração, em ânsias de chegar à meta. Quero acabar com isto rapidamente.
Espero. E não tenho tempo para esperar.
Espero o desfecho de uma vez por todas. Espero em ânsias depressivas, corrosivas, lesivas da minha já debilitada sanidade mental.
Espero. E chove-me enquanto espero. A chuva que me escorre é porta de vai e vem. Para lá dela, o nevoeiro: o despontar da noite ou do dia - o crepúsculo ou a aurora. Quando será a minha vez?
Queria poder dizer que sou dona de mim, que quem manda em mim sou eu... e até pensava que era um pouco assim. Mas não é. Tudo o que tenho não é meu. Tudo o que penso não me cabe no pensamento. Tudo o que sinto me escapa…
Tudo o que sou, ou não sou, serve-se-me agora nas mãos. Numa carta fechada. Para quê esperar se adivinho o que ela contém? Lá dentro, o meu futuro. E o dos meus cinco filhos… mais dois gatos persas, um caniche e um papagaio.
(Oh, meu Deus!... que será deles?) Não consigo pensar. Ter-se-ão uns aos outros quando a porta se fechar.
Espero. E falta-me tempo para esperar.
A vida nunca é como a sonhamos.
E a morte é uma certeza feroz, que espreita a vida dentro de um envelope de análises.
Tantas vezes esperamos.
ResponderEliminarE até esperamos a morte desde que nascemos...
Beijo, querida amiga.
... estamos sempre a desnascer
ResponderEliminare a recriar-nos
Foi angustiante ler-te...
ResponderEliminarTorço muito para que esse resultado venha depressa e não seja nada do que pensas.
Toma um beijo enorme e muito amigo.
É um texto de ficção... que retrata realidades... a realidade que é tantas vezes assim.
ResponderEliminarObrigada, amigos.
Um texto de uma criatividade que assusta de tão verosímil que é...
ResponderEliminarUm texto que nos emociona!
Soubeste tocar-nos muito através dele.
Parabéns, escritora!
Amiga Fá,
ResponderEliminarUm belíssimo texto que reflecte bem a existência de tantas situações semelhantes e que conhecemos e as angústias sofridas por vivências incertas, neste mundo onde as carências são cada vez mais evidentes e a solidariedade está tão ausente.
Como sempre muito bem escrito e embora ficção, como diz acima, bem real.
Um beijinho.
Ailime
Costumo separar as águas, os montes, as fronteiras... com um biombo.
ResponderEliminarNão daqueles translucidos; estes não deixam ver o mundo, só a sua luz,
Gosto dos imaginários para não interromperem o meu pensamento, quiçá o meu sonho e a estrada da vida.
Cumprimentos.
Tantas vezes é esta a realidade, mas espero bem que não seja a tua! ultimamente estou rodeada de sobressaltos....
ResponderEliminarBeijinhos
que a morte é uma certeza... é verdade!
ResponderEliminaragora...
será que merece tanto tempo do nosso tempo em prejuízo do tempo que devemos libertar para dedicarmos ao que ainda são incertezas para nós???
deixa de esperar e arruma as incertezas nos dias que vives... eles sim, são certezas, são reais!!!
a...té
A vida é simples de ser vivida, mas nós a complicamos. às vezes sobra-nos tempo e não temos vida...não a aproveitamos na sua essência; outras falta-nos o tempo e temos tanta vida dentro de nós.É por isso que devemos aproveitar cada minuto vivendo plenamente com toda a vida que temos dentro de nós, se não um dia tudo muda e deparamo-nos com a certeza de que já não teremos tempo para vivermos o que deixámos de viver. Tudo muda num instante, por isso vamos viver o aqui e o agora como ele deve ser vivido, aproveitando as coisas boas e a companhia de pessoas de verdade, deixando para trás futilidades e dando valor ao que realmente importa. Belo texto cheio de essência na qual devemos refletir. Um beijinho e um bom fim de semana
ResponderEliminarEmília
Cada dia que passa
ResponderEliminaré um passo para a noite...
e o tempo é tão incerto
que deixa o dia a descoberto
e esconde noite negra
pela mesma incerteza...
minha amiga, menina musical
os teus textos mesmo tristes
são belos e de certeza real!
(sempre pedindo desculpa...venho quando posso, e o tempo é ilusório! pensando que estou ausente, quando venho sinto que estive sempre presente!):)
bjitos com amizade e um bom domingo
*
ResponderEliminarnão gosto nada de esperar,
tenho tão pouco tempo
para viver neste planeta . . .
,
urgentes conchinhas,
ficam,
*
Questionamos muito Fá. Abraçamos questões desnecessárias, pois nunca teremos respostas para certas perguntas. Temos que viver, tão somente. E ter fé. Bjs.
ResponderEliminarQue relato intensivo .Posso imaginar o medo para abrir o sobrescrito
ResponderEliminarAbraço
Quantas coisas se tornam tão relativas e sem importância na nossa vida... quando o nosso futuro, mais imediato, pode ser ditado, por um destes envelopes... uma realidade, com a qual convivo bem mais... agora que tenho acompanhado os problemas de saúde bem mais de perto, da minha mãe, por força das circunstâncias... e que ganham também um outro peso, em tempos de pandemia...
ResponderEliminarBelíssimo texto, como sempre, Fá! Beijinhos
Ana
Há esperas assim! Espera-se e desespera-se...
ResponderEliminarUm ótimo texto!
Beijinho, Fá.
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A espera é capaz de ser o ADN da nossa vida
ResponderEliminar:-)
Quizás nos angustiariamos menos si nos damos cuenta que a cada momento vivimos y morimos, que nuestro tiempo es finito en esta vida, pero que tenemos promesa de eternidad.
ResponderEliminarAbrazo